Uso consciente de medicamentos controlados.
Informações essenciais para um tratamento seguro
Interações, riscos de automedicação e cuidados que garantem mais segurança no uso de remédios tarja preta e controlados
O uso de qualquer medicamento, seja ele prescrito, de venda livre ou natural, deve ser informado ao profissional de saúde. Isso inclui até itens que muitos consideram inofensivos, como chás, pomadas e analgésicos comuns. O motivo é simples: prevenir a chamada interação medicamentosa.
Ela ocorre quando um remédio tem seu efeito alterado pela combinação com outro medicamento, com fitoterápicos, certos alimentos, bebidas ou até fatores externos, como o calor. Mesmo que nem toda interação seja prejudicial, muitas podem gerar reações adversas sérias, desde desconfortos gastrointestinais e dores até riscos mais graves, como alterações cardíacas e sangramentos.
(Créditos: izusek / iStock)
A automedicação é um dos principais fatores para essas interações indesejadas. Isso acontece tanto quando a pessoa omite ao médico algum remédio que já faz uso quanto quando utiliza sob recomendação de terceiros algum medicamento guardado em casa – muitas vezes, sem saber os riscos envolvidos.
Ler a bula não é opcional: é essencial
Apesar de ser ignorada por muitos, a bula contém informações sobre o uso correto, as contraindicações, os riscos de interação e os efeitos colaterais. Uma fonte confiável para acessar essas informações é o Bulário Eletrônico, da Anvisa, no qual é possível consultar bulas oficiais de praticamente todos os medicamentos disponíveis no país.
Os profissionais da saúde alertam que o uso racional dos medicamentos é um ato de responsabilidade. Tomar um remédio sem indicação adequada não é algo inofensivo e pode gerar mais riscos do que benefícios.
O papel do farmacêutico: orientação e segurança no uso de medicamentos
Desde 2013, este profissional tem autorização para fazer a chamada prescrição farmacêutica, limitada aos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), como analgésicos simples, antiácidos e fitoterápicos.
Além disso, cabe ao farmacêutico acompanhar tratamentos prescritos por médicos, avaliando possíveis interações, reações adversas e esclarecendo dúvidas dos pacientes. O atendimento vai muito além da venda.
É um ato de cuidado, como destaca Jhonata Vasconcelos, supervisor farmacêutico de uma rede de drogarias. “Nossa função é acolher, ouvir com atenção e contribuir para o uso racional de medicamentos. O que combatemos é justamente o uso indiscriminado, sem orientação profissional.”
Vale reforçar: mesmo farmacêuticos especializados não podem prescrever antibióticos, psicotrópicos ou medicamentos controlados – estes seguem restritos a médicos, dentistas e veterinários.
Medicamentos controlados exigem ainda mais atenção
Uma mudança recente, a Resolução n.º 5/2025, do Conselho Federal de Farmácia, passou a permitir que farmacêuticos com qualificação específica prescrevam alguns medicamentos tarjados. Contudo, essa autorização não inclui os medicamentos controlados, que seguem exigindo receita médica especial.
A Pregabalina 75mg, usada no controle de dores crônicas, transtornos de ansiedade e fibromialgia, é um exemplo de fármaco que atua no sistema nervoso central. Por esse motivo, seu uso requer não somente prescrição, mas também acompanhamento contínuo e rigoroso controle, justamente para evitar dependência, efeitos adversos e riscos à saúde.
Automedicação e riscos invisíveis
O uso incorreto de medicamentos é mais preocupante em situações como infecções e doenças virais. Durante episódios de dengue, o consumo de anti-inflamatórios como diclofenaco ou nimesulida pode agravar quadros de sangramento, levando a complicações severas.
A resistência aos antimicrobianos também tornou-se uma questão mundial. O consumo inadequado de antibióticos leva à criação de bactérias resistentes, dificultando tratamentos futuros e colocando em risco a eficácia de terapias que antes eram simples.