Agronegócio aposta em autossuficiência energética.
Tecnologia, energia e novas práticas impulsionam a adaptação do agronegócio em 2025
Setor enfrenta entraves no acesso a recursos, alta nos insumos e efeitos do clima, mas aposta em soluções digitais, manejo sustentável e autossuficiência energética para manter a produtividade
(Créditos: baranozdemir / iStock)
Com elevado custo e insegurança climática, o agronegócio brasileiro tem utilizado tecnologias digitais, novas práticas de manejo de cultivo e energia renovável para garantir a produção para 2025.
Investimento bilionário esbarra em obstáculos
O governo federal apresentou em abril o Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026, com a promessa de injetar R$ 549 bilhões no setor. Esse recurso, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), abrange tanto as atividades de custeio como aquelas voltadas à modernização de maquinário, na prática sustentável e no aumento do seguro rural, que é a prioridade da entidade.
Porém, mesmo com a promessa de investimento, a captação desse recurso financeiro nem sempre é simples para o produtor.
Um levantamento feito pelo portal GZH, em dezembro de 2024, mostrou que o elevado custo do insumo, amplificado com o dólar e a taxa de juros, ainda é um desafio, já que muitos deles ainda devem ser importados.
Práticas adaptativas ganham destaque diante do clima oscilante
Se os custos são um peso, as questões climáticas também trazem dificuldades. A variabilidade climática tornou-se um problema diário para os agricultores.
Na Bahia, por exemplo, a seca no período da safra 2024/2025 acabou comprometendo em torno de 20% da produtividade em mais de 3,9 milhões de hectares, principalmente de soja e milho, segundo dados da Embrapa e da Conab.
Já no Rio Grande do Sul, as cheias de maio de 2024 causaram perda de 851 mil toneladas de grãos, conforme pesquisa da Conab. Para conviver melhor com essas intercorrências, os produtores implementaram práticas adaptativas como cultivo consorciado, plantio direto e irrigação de precisão, além de estratégias para recuperação de pastagens degradadas.
Por exemplo, o plantio direto diminui a queima do solo, retém umidade e evita perdas por erosão. Outra atividade crescente é o consórcio de grãos, que consiste no cultivo de duas ou mais culturas na mesma área, como a soja com braquiária ou milho com feijão-caupi.
A irrigação de precisão faz aplicação de água com controle e sem desperdício em locais sem muita água. Assim, a pastagem se revitaliza com a correção do solo e o replantio, restaurando produtividade e captura de carbono.
Autossuficiência energética eleva eficiência no campo
Essa necessidade de adaptação climática levou os agricultores a buscarem o controle de seus recursos e custos com energia. Em 2025, mais de 195 mil novos sistemas de micro e minigeração foram instalados no meio rural, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar).
A energia solar rural tem sido primordial para executar custos operacionais, proporcionar estabilidade mesmo nas áreas sem rede elétrica e permitir tecnologias como irrigação inteligente.
A prática agrovoltaica, de cultivar plantas e gerar energia por painéis instalados acima das culturas, se expande, beneficiando o agricultor com duas ações. Se a primeira é diminuir a evaporação de água, tem função de sombreamento pelos painéis solares e provê energia limpa durante a colheita.
Com isso, um número crescente de agricultores começa a ver a energia como ponto de controle sobre sua produção, e não como apenas mais um custo fixo.
Agronegócio aposta em autossuficiência energética.