Ricardo Vignini lança “Cristalino”: a ousadia de uma viola sem fronteiras
Violeiro é um dos nomes mais criativos da música instrumental brasileira contemporânea
Ao longo de quase três décadas de carreira, vem redefinindo o papel da viola caipira no Brasil e no exterior. Para isso, portanto, coloca o instrumento em diálogo com diversos gêneros musicais. Assim, testa os limites e possibilidades do instrumento de um jeito que vai além do usual.
Vignini acaba de lançar “Cristalino”, seu oitavo álbum solo e o 27º de sua discografia. O novo disco reafirma seu espírito inquieto e experimental. Assim, tendo como fio condutor a viola eletrodinâmica, instrumento híbrido que funde a viola tradicional à sonoridade da guitarra elétrica — símbolo da liberdade criativa que o artista imprime em suas obras.
Entre raízes e a sensibilidade aguda: a jornada de um violeiro sem rótulos
De certo, Ricardo Vignini tem sido um elo entre o universo da cultura popular rural e o da música urbana contemporânea. Aliás, ganhou projeção nacional com o duo Moda de Rock, ao lado do violeiro Zé Helder, projeto que arrebatou públicos ao traduzir clássicos do rock em versões para viola caipira, sem perder a identidade do instrumento. Assim, também fez história com o duo ao lado do saudoso mestre Índio Cachoeira. Com ele, portanto, compartilhou palcos por mais de 15 anos e produziu, inclusive, discos essenciais.
“Cristalino”: uma paisagem sonora em alta definição
Com oito faixas, Cristalino traz seis composições autorais, uma parceria com Índio Cachoeira e uma releitura de “Menino da Porteira” (Teddy Vieira e Luizinho). Ao longo do álbum, aliás, Vignini transita por diferentes atmosferas da música instrumental brasileira ao jazz-rock.
A faixa “Polyando” presta tributo a Poly, instrumentista, ativo nas décadas de 1940 a 1980. Já “Boca do Asfalto” homenageia o trombonista Bocato, cuja herança musical inclui inclusive uma dupla caipira formada por seu pai. Em “Domingo na Vila”, Vignini rememora sua infância no bairro da Vila Santa Catarina, zona sul paulistana. Além disso, a faixa-título, “Cristalino”, traz uma introspecção poética inspirada em sua recente cirurgia de catarata, que mudou sua maneira de ver, por dentro e por fora.
Assim, o álbum tem participações de seis músicos convidados. O violinista norte-americano Seth Byrd em “Jogo de Espelhos”. Ricardo Berti assina todas as baterias; André Rass nas percussões; e os baixos ficam por conta de Fernando Nunes, Pedro Macedo e Renan Dias.
André Rass – Percussão
Renan Dias – Baixo
Ricardo Berti – Bateria
Ricardo Vignini – Violas
Gravado no Estúdio Bojo Elétrico e Space Blues
Disponível em todas as plataformas digitais.
@ricardovignini
www.ricardovignini.com.br
Fotos: Rita Perran
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