Medicamentos naturais da Amazônia.
Nova pesquisa da UFPA abre caminho para medicamentos naturais da Amazônia
Avançam investigações sobre biocompostos e resíduos para validar de forma científica propriedades medicinais e abrir novas portas para a elaboração de fármacos naturais
Inaugurados em maio deste ano, os laboratórios da Universidade Federal do Pará, sob a coordenação dos professores Marta Chagas Monteiro e Nélio Teixeira Machado, estão à frente de pesquisas que exploram as propriedades medicinais de plantas da Amazônia. Através da análise de biocompostos, os estudos demonstram o grande potencial dessas substâncias naturais no tratamento de um amplo espectro de doenças, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos fármacos e terapias.
De acordo com a professora Marta Chagas, o estudo envolve uma análise profunda de 30 espécies vegetais, como o camapu e os óleos de copaíba e andiroba. A pesquisa vai além dos extratos, investigando também óleos essenciais e resíduos, com o objetivo de confirmar cientificamente as propriedades medicinais atribuídas a essas plantas pelo conhecimento tradicional. A professora destaca que muitas dessas espécies já apresentam evidências de atividade biológica, o que torna a pesquisa ainda mais promissora.
Medicamentos naturais da Amazônia
(Créditos: paulynn / iStock)
Por exemplo, além do valor na produção de óleo, o dendê apresenta compostos nesses resíduos que podem ter atividades biológicas significativas. Capazes de combater bactérias, tumores e até mesmo retardar o progresso de doenças neurodegenerativas. As tortas, antes descartadas, agora são transformar-se em produtos de alto valor agregado. Como medicamentos, contribuindo também para a redução do desperdício e a geração de renda para as comunidades produtoras.
No entanto, essa jornada ainda está em fase pré-clínica. Ou seja, os compostos estão sendo testados em células e tecidos em laboratório, mas ainda não foram submetidos a testes em humanos. A expectativa é que, após a comprovação da eficácia dos bioativos em modelos animais, seja possível iniciar a fase clínica dos testes. Que envolve a aplicação em voluntários e, posteriormente, em pacientes.
O potencial dos bioativos amazônicos é amplo., com projeções de aplicação em diversas áreas da saúde. Assim como, a produção de fitoterápicos, fitofármacos, nutracêuticos e suplementos alimentares. Dessa forma, a disponibilização desses produtos para a indústria farmacêutica e, futuramente, para a população, por meio do SUS, representa uma grande promessa para a melhoria da qualidade de vida.
Para aprofundar o conhecimento sobre o uso seguro de medicamentos fitoterápicos, o curso de Farmácia é fundamental. Através dele, os futuros profissionais adquirem uma base em botânica, permitindo-lhes identificar as propriedades terapêuticas das plantas medicinais e desenvolver formulações adequadas. Essa formação garante que os tratamentos com plantas sejam realizados de forma responsável.