Mais mulheres nos games desafiam antigos estereótipos

Elas já são maioria entre os jogadores no Brasil, mas ainda enfrentam obstáculos para ocupar espaços com respeito e visibilidade

Por muito tempo, o mundo dos games foi tratado como um território masculino. Esta ideia, no entanto, tem perdido força. Cada vez mais mulheres atuam como jogadoras, criadoras de conteúdo e competidoras em ligas profissionais, mostrando que o controle também está em suas mãos.

De acordo com a Pesquisa Game Brasil 2023, com realização pela Sioux Group, Go Gamers e Blend New Research, 51% do público gamer no país é de mulheres. O estudo aconteceu entre fevereiro e março de 2024. Ou seja, com mais de 13 mil participantes de todas as regiões do Brasil. Igualmente, revela que elas não apenas consomem jogos, mas também movimentam comunidades inteiras.

Mais mulheres nos games desafiam antigos estereótipos

(Créditos: gorodenkoff / iStock)

Apesar disso, a presença feminina ainda enfrenta barreiras. Uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia, publicada em 2021, revelou que 93% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de agressão verbal durante partidas online.

O estudo, feito com base em entrevistas e análises qualitativas com 41 jogadoras, identificou práticas como assédio, xingamentos e tentativas de silenciar a participação feminina nos jogos.

Iniciativas voltadas para a inclusão têm ajudado a transformar este cenário. Criada em 2022, a Women in Brazil Rainbow Six Siege League (WIBR) busca fortalecer a atuação feminina no cenário competitivo. A liga já atraiu patrocinadores e tem se consolidado como um espaço seguro e estruturado para mulheres competirem com visibilidade.

Game XP Women’s Arena

Movimentos semelhantes têm ganhado destaque em eventos nacionais. Em março de 2024, a cidade de São Paulo recebeu o Game XP Women’s Arena, que promoveu debates, oficinas e palestras com foco na presença feminina na indústria gamer. A programação reuniu jogadoras, desenvolvedoras e produtoras de conteúdo, reforçando a importância da diversidade no setor.

A indústria também começa a se movimentar. No mesmo mês, a varejista KaBuM! lançou uma campanha para incentivar a presença feminina nos games e na tecnologia. A ação teve como objetivo dar visibilidade a profissionais mulheres e inspirar novas gerações a ocuparem este espaço com confiança.

No ambiente digital, streamers e influenciadoras vêm conquistando cada vez mais espaço ao transmitir partidas e criar conteúdo em plataformas como Twitch e YouTube. Muitas delas têm se destacado em títulos disponíveis em consoles como o Xbox Series X, por exemplo, o que contribui para consolidar uma nova geração de referências no universo gamer.

Aos poucos, o setor vai se abrindo para diferentes vozes e trajetórias. Embora o caminho ainda seja marcado por desafios, a presença feminina nos games segue em expansão. Através do fortalecimento pela resistência e criatividade de quem encontrou, nos jogos, um lugar de expressão e pertencimento.