Fotógrafa cadeirante faz ensaios inclusivos. Com apenas 26 anos – e desde os 13 se locomovendo por meio de uma cadeira de rodas – Maria Paula Vieira se destaca no mercado da fotografia por se engajar especialmente em ensaios voltados para a representatividade.

Para ela, é importantíssimo retratar pessoas e explorar as várias essências para que, pouco a pouco, o público possa se reconhecer e passar pelo processo de auto-aceitação.

“Vocês já pararam pra pensar quem são aquelas mulheres que a gente vê nas revistas, em desfiles, nos filmes?

Qual a mensagem elas trazem ou quem elas representam? Eu sempre olhava e elas não chegavam perto de ser como as mulheres que eu tinha ali no meu dia a dia, com as suas marcas, com seus corpos diferentes, únicos, particulares de cada uma delas…e eu sentia falta de ver isso acontecendo”, pontua ela, acrescentando que até acreditar que poderia seguir uma carreira como fotógrafa, teve que trabalhar o seu próprio empoderamento. 

Para ela, sua força de vontade e perseverança a fazem quebrar barreiras diariamente em uma sociedade pouco inclusiva.

“Uma mulher fora do padrão que a sociedade impõe, como tantas que chegam até mim, uma mulher com deficiência, uma mulher buscando seu espaço!

Não foi fácil aceitar e me reconhecer também, a minha aceitação e reconhecimento da deficiência se fortaleceu junto com a aceitação do meu corpo por meio da fotografia e do feminismo.

Foi quando percebi que eu não precisava estar em padrões, que eu poderia ter asas, sendo uma mulher com deficiência ou não”, conta.

Fotógrafa cadeirante faz ensaios inclusivos

Maria Paula pensou em retratar e empoderar as mulheres quando percebeu que ela tinha seus próprios receios e medos de se mostrar para o mundo.

Eu era cheia de inseguranças, eu não sabia quem eu era ou quem eu poderia ser de verdade.

Só sabia que era diferente, mas a minha diferença deixaria tirar a minha própria beleza? Foi quando me vi, nas fotos, que pude me reconhecer”, acrescenta.

Olhar receoso e pré-julgador

Recentemente, no Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, a fotógrafa explicou que ainda existe um olhar receoso e pré-julgador para as pessoas com possuem alguma necessidade especial.

“Nos meios em geral ainda se excluem aqueles vistos como diferentes, e na arte também é assim.

‘Como ela consegue fazer isso sendo cadeirante? Como ela capta todos os olhares assim?’”.

Maria Paula considera, no entanto, que pouco a pouco as pessoas consideradas ‘foras do padrão’ pela sociedade tem conquistado mais espaço, e que esta luta já acontece há um bom tempo.

“Poucas pessoas sabem, e é um fato extremamente ignorado na história, que uma uma das maiores artistas mundiais, Frida Kahlo possuía uma deficiência, por exemplo.

Somos muitos, somos inúmeros, continuamos a crescer e florescer por aí, e não há sociedade que possa impedir”, explica ela, se referindo ao fato de a artista ter contraído poliomelite aos seis anos de idade, o que a deixou com a musculatura atrofiada e o membro inferior mais curto.

Para encobrir a deficiência, Frida usava saias longas. 

Maria Paula e a Cadeira de Rodas

A história de luta e representatividade de Maria Paula começa em sua infância.

Desde pequena já sentia dores nos pés e nas mãos, e aos 13 anos acabou se tornando uma pessoa com deficiência, utilizando cadeira de rodas para se locomover.

A doença genética rara, uma deformidade congênita adquirida, no entanto, não a impediu de seguir o seu principal sonho: Retratar memórias.

Apesar das limitações físicas, Maria Paula nunca se deixou abater e, desde que iniciou no ramo da fotografia, leva a arte e inclusão para a sociedade.

Ela conta que no início ficou receosa sobre como os personagens poderiam encará-la como profissional, por conta de suas limitações físicas.

No entanto, ela entendeu que justamente por estar no lugar de uma pessoa ‘fora do padrão da sociedade’, ela tem um olhar único sobre cada clique.

Trabalhando há anos com fotografia, a profissional garante vem trabalhando seu empoderamento desde a adolescência e que, atualmente, suas únicas limitações envolvem apenas a acessibilidade nas cidades:

“A arquitetura das cidades dificulta o acesso, e as pessoas ainda têm atitudes capacitistas, colocando a pessoa com deficiência como incapaz.

E pelo contrário, somos muito capazes sendo nos oferecido espaço e oportunidades iguais”, pontua.

Fotógrafa cadeirante faz ensaios inclusivos

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