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Roberta Sá lança Giro, com canções de Gilberto Gil

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Giro, novo álbum de Roberta Sá, reúne inéditas de Gilberto Gil
Com produção musical de Bem Gil, o projeto traz parcerias de Gil com Roberta Sá, Jorge Ben Jor, Yuri Queiroga , Alberto Continentino e Bem Gil

Tudo começou nos encontros promovidos pelo saudoso jornalista Jorge Bastos Moreno. Nos almoços de domingo, na casa de Moreno, Roberta Sá e Gilberto Gil se aproximaram, no final de 2016. Foi nesse ambiente inspirador de bate-papos e música que Roberta teve a ideia de gravar um álbum só com canções do compositor baiano.

Pouco depois, Gil compôs a inédita “Giro”, já pensando no disco de Roberta. O segundo presente, escrito por Gil em parceria com Jorge Bastos Moreno, foi “Afogamento”, cuja gravação em dueto com o autor foi lançada ano passado como single e também no álbum “Ok Ok Ok”, de Gil. A partir dessas canções desenhou-se o álbum de inéditas de Gilberto Gil e parceiros, batizado com o nome da canção Giro, que chega agora às lojas (nos formatos físico e digital) e ganha a estrada a partir de 10 maio, na nova turnê.

A produção musical é de Bem Gil, que participou como músico e arregimentou a banda que acompanha Roberta nas 11 faixas do álbum. “O papel do Bem foi fundamental, foi ele quem sugeriu fazer um disco só de inéditas e provocou a minha primeira parceria com Gil. Mandei por whatsapp letra e melodia minhas e ele entregou para o Gil completar. Essa parceria chama-se ‘Cantando as Horas’ , pontua Roberta Sá.

Para o novo repertório Gil, que participa como músico convidado em todas as faixas, compôs sozinho as canções “A vida de um casal”, “O lenço e o lençol” e “Autorretratinho”. Duas inéditas são parcerias com Roberta Sá e Bem Gil, uma com Roberta e Yuri Queiroga e outra com o filho Bem e o baixista Alberto Continentino. A pedido de Roberta, Gil retomou a parceria com Jorge Ben Jor depois de 45 anos e juntos, os dois assinam “Ela diz que me ama”, primeiro single do álbum, lançado no final de março, com direito a vídeo clipe reunindo Roberta, Ben Jor e Gil, sob direção de Andrucha Waddington.

“O processo foi muito afetuoso, a gente não teve pressa alguma. Gil é uma pessoa muito generosa e, acima de tudo, um músico apaixonado por quem pensa e faz música. Esse álbum é, sem dúvida alguma, a maior alegria da minha carreira, nesses 15 anos”, finaliza Roberta Sá. Gilberto Gil retribui: “Aprendi a gostar da Roberta, primeiro como intérprete, depois como gente amiga e agora a tenho como parceira na fase já mais tardia do meu trabalho de mais de cinquenta anos. E eu tenho a graça de tê-la por perto fazendo o que a gente mais ama, a nossa música”.

Musas de Jorge Bastos Moreno e homenageadas por Gilberto Gil na canção “Lia e Déia”, Maria Ribeiro (a Lia) e Andréia Sadi (a Déia) assinam os textos de apresentação a seguir, a convite de Roberta Sá.

Por Lia (Maria Ribeiro)

Se você abrir um dicionário nesse exato instante e procurar o significado da palavra inveja, não vai encontrar nenhum resultado bonito. Ou poético. Ou transformador. Daí meu protesto. Porque eu não tenho como falar de Giro, disco novo da minha amiga Roberta Sá, sem mencionar um certo desgosto por não possuir aquela voz. Ao mesmo tempo, não fosse meu despeito, não estaríamos aqui, ela e eu, cada uma com suas armas, falando de como Gilberto Gil lhe vestiu bem. “Me segura, rapaz”, ela canta na música que dá nome ao álbum. O apelo, muito provavelmente em vão – não creio que homem nenhum no mundo seja capaz de frear essa garota – diz muito do momento profissional da Roberta, intérprete respeitada e com um repertório de sambas cujas autorias vão de Xande de Pilares a Baden Powell. Gilberto Gil, um rei da canção, encontra na voz de Roberta uma cama pronta. “Não me coloque no bolso, e, sim, no colo”, ela pede, atrevida e romântica, em “O Lenço e o Lençol”. “Nem” e “Afogamento” também estão entre as minhas favoritas. Nessa ultima, a cantora potiguar – acho tão lindo alguém ser potiguar! – conseguiu casar sua brasilidade à uma levada mais jazzística, juntando o marcante DNA de Gil – o disco é produzido por Bem Gil, responsável também pelo novo Mautner – ao seu estilo solar de entoar o mais triste dos sambas. Roberta inventou uma espécie de MPB solar: sei que o termo não existe, mas, como eu não entendo nada de gêneros musicais, e escrevo esse texto como fã, posso me dar ao direito de dizer que, pra mim, Roberta Sá e sua voz de sereia transformam qualquer dor em seu avesso em duas estrofes. Como se não bastasse, Giro surgiu de uma amizade, e esse encontro esta impresso em cada segundo de todas as suas faixas. A propósito, quem é o boto, afinal?

Por Déia (Andréia Sadi)

“Estou ajudando o Gilberto Gil a compor.” A frase de Jorge Bastos Moreno foi a primeira coisa que me veio à cabeça, combinada com um sorriso saudoso e lágrimas tímidas, quando coloquei para tocar “Afogamento”. Moreno é o responsável por eu estar na vida de Roberta Sá e ela na minha. Também o culpado (totalmente absolvido, registre-se!) por eu ter tido a honra de sentar à mesa com Gilberto Gil, O Gil, e ser testemunha da História da história deste álbum. Lembro como se fosse hoje a forma carinhosa e de admiração com que Moreno falava de Roberta Sá, sua musa. Ele era encantado (quem não?) com a voz da artista. Ouvindo o disco, lembrei também que eu brincava com Moreno quando ele se gabava de ter escrito “Afogamento” com Gil: “ainda bem que você chegou para ajudar o GILBERTO GIL na carreira dele, dar uma mãozinha nas composições. Ufa, a música brasileira agradece”. Ele, irritado, devolvia: “me respeita, menina!”
Nos meses que antecederam sua partida (por isso, registre-se: ninguém o perdoa!), era o que mais lhe despertava paixão, era com o que mais estava animado: a carreira estreante de compositor ao lado do mestre e da ídola-musa.
Hoje, ouvindo o disco pela primeira vez (Roberta sabe como agradar aos amigos e me deu o disco em primeira mão para ouvir), entendi por que eu estava “Cantando as Horas” para ouvir o conjunto da obra, junto e misturado, do projeto de Roberta e Gil, com participação especial de Moreno. E fico imaginando o que o jornalista ansioso, responsável por este encontro, diria do álbum. Juro que consigo ouvi-lo telefonando aos amigos numa terça à tarde para comparar uma música a outra, dizendo que “Fogo de Palha” é fantástica! Você já ouviu?”, ou colocando como trilha sonora de seus almoços “Xote da Modernidade” e “Ela diz que me Ama”, para repetir mil vezes aos convidados que “escutem esta, é parceria de Gil com Jorge Ben Jor, em mais de quatro décadas, é a primeira vez que eles voltam a compor juntos, sabiam??!”
Consigo ouvir, sentir, pensar tudo isso ouvindo a voz hipnotizante de Roberta Sá nas 11 músicas compostas para “Giro”, que a gente chama de “disco, álbum”, mas é uma obra de amor, paixão, razão, como “Ela diz que me Ama”. A gente que te ama, na verdade. Que bela homenagem é “Giro”: ao amor, à música, ao Moreno, aos amigos, à cultura.

www.robertasa.com.br

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