Quando a pessoa amada nos abandona

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superaçao uiara zagolin na midia

Perda e Superação

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Quando nos apaixonamos, não fazemos essa escolha baseada apenas nas qualidades fantásticas da pessoa amada. Não escolhemos qualidades fantásticas quaisquer: escolhemos aquele amor que não representará uma ameaça à nossa auto-estima, uma ameaça a nossa auto imagem que imaginamos estar a cada dia mais próxima da perfeição. Estamos na verdade inconscientemente revivendo amores infantis.

A paixão por si só já tem um caráter de excesso no sentimento que é fonte de sofrimento. E quando a pessoa que amamos nos abandona isso pode se intensificar em uma experiência ainda pior. Antes da perda da pessoa amada o “eu” podia regular as sensações de prazer e desprazer, pois estava voltado apenas para seu mundinho interior. Depois que A PESSOA AMADA NOS ABANDONA, o “eu” se percebe como algo insuficiente para regular os desequilíbrios entre o prazer e o desprazer, levando à experiência de profunda dor.

A superação vem através de um desinvestimento gradual na imagem da pessoa amada que temos dentro de nós. Esse desinvestimento vai tornando-se possível à medida em que o “eu” toma cada vez mais consciência de que essa pessoa não retornará. E, torno-me mais capaz de aceitar que ela não retornará quanto mais tiver consciência de que ela nunca me satisfará plenamente.

Só se compreenderá isso quem entender que esse texto não é uma pedagogia, não é um “ensinar como fazer”, é apenas um estímulo para colocar o leitor para agir. E, para isso é preciso “matar” essa imagem do outro que tenho dentro de mim e igualmente colaborar para que esse outro mate dentro dele a imagem que ele tem de mim. Quando matamos o “eu” do outro estamos simultaneamente matando nosso próprio “antigo e arcaico eu” e fazendo com isso aparecer a superação

 

Luiz Marcello de Aguiar

Luiz Marcello de Aguiar é  Psicólogo Clínico formado pela UFF, trabalha na linha Psicanalítica e possui como  objetivo divulgar a Psicanálise em uma linguagem simples e acessível para o grande público. Seu intento é democratizar esse conhecimento.

Atua, também, como colunista da Revista Tua e é consultor de Psicanálise da Revista Toda Teen do grupo Abril Cultural.

 

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