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Papa Francisco rejeita ordenação de homens casados

Documento é a palavra final do Pontífice a respeito das discussões levantadas pelo Sínodo da Amazônia.

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Papa Francisco rejeita propostas sobre ordenação de homens casados e mulheres na Amazônia.

Em seu auge, os Pontífices Romanos se declaravam “senhores do mundo”, desencadeavam guerras com o sinal-da-cruz e, com uma assinatura, dividiam continentes inteiros.

Foi assim em 1493, quando o então papa Alexandre VI promulgou as Bulas Alexandrinas, traçando uma linha no Oceano e dividindo o chamado “novo mundo” entre Portugal e Espanha.

De lá para cá, poucos Documentos Pontifícios – decretos utilizados pelo papa – geraram tanto alvoroço e expectativa quanto a Exortação Apostólica divulgada hoje, quarta-feira, 12, pelo Vaticano.

Batizada de “Querida Amazônia”, com uma canetada o papa Francisco pode não ter dividido o mundo em dois, mas definiu as novas diretrizes para a Igreja Católica na região amazônica.

Contendo recomendações dirigidas aos bispos e padres das regiões da floresta, o documento é a palavra final do papa Francisco a respeito das discussões levantadas pelo Sínodo da Amazônia, convocado em outubro de 2019 para questionar o modelo de desenvolvimento da região, além da atuação da Igreja Católica junto aos povos das florestas.

Papa Francisco rejeita propostas sobre ordenação de homens casados e mulheres na Amazônia

Na ocasião, os 184 bispos que participaram do encontro aprovaram um documento pedindo a introdução do conceito de “pecado ecológico”, assim como a possibilidade da ordenação sacerdotal dos “viri probati”, homens casados com uma vida comprovadamente impecável. Essa última proposta deflagrou uma verdadeira guerra interna na Igreja.

Sobre isso, o papa Francisco decidiu não se pronunciar na sua Exortação Apostólica. O documento de 32 páginas desta quarta-feira sequer mencionou a proposta, e em vez de falar da possibilidade de ordenação para esses homens, o Pontífice diz que novas maneiras devem ser encontradas para incentivar mais padres a trabalharem na região remota e permitir papéis maiores para leigos e diáconos, assim como para as mulheres.

O pontífice ainda destacou a “força e dádiva” da mulher, que “por séculos mantiveram a Igreja nesses lugares – na região da Amazônia” – mas fechou as portas para a possibilidade da ordenação feminina e de um ministério comandado por elas.

Ao descartar as duas propostas mais polêmicas contidas no documento final que recebeu após o Sínodo da Amazônia, o papa argentino busca manter a integridade da Igreja universal, ameaçada de ruptura caso a ideia da ordenação de homens casados na Amazônia fosse levada adiante.

Apesar do celibato sacerdotal não ser um dogma da Igreja Católica, mas sim uma regra disciplinar que se tornou obrigatória no século XI, ele encontra importantes defensores dentro da hierarquia vaticana, que temiam que  a mudança fosse um caminho que conduziria toda a Igreja a um sacerdócio passível a casamentos, motivo pelo qual classificaram a proposta como heresia.

Outro ponto importante do documento se refere a “internacionalização” da Amazônia. O papa cobrou que governos não se vendam a “espúrios interesses” locais ou internacionais, e defendeu a presença e o trabalho desenvolvido por Organizações Não-Governamentais (ONGs) na região.

Esse ponto era de grande preocupação do governo Jair Bolsonaro, em especial dos militares, que viam no Sínodo uma tentativa de fragilizar a soberania nacional sobre a porção brasileira do território amazônico.

O Pontífice classificou como “louvável” a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil de sensibilizar as populações e pressionar os governos para que cumpram “o dever próprio e não-delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país”.

Francisco usou os três primeiros capítulos do documento para defender os direitos e legados dos povos indígenas e o meio ambiente na Amazônia, que têm que ser protegidos por seu papel vital na mitigação do aquecimento global.

O papa escreveu ainda ter quatro sonhos para a Amazônia: que a região lute pelo direito dos pobres, preserve suas riquezas culturais e naturais e que a Igreja seja capaz de ter um comprometimento generoso e forte ao atuar ali, com respeito aos povos indígenas.

O texto termina com um convite de Francisco à todos os cristãos para avançarem por “caminhos concretos que permitam transformar a realidade da Amazônia e libertá-la dos males que a afligem”.

Leia também: https://namidia.com.br/poder-e-historia-por-tras-dos-muros-do-vaticano/

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