‘Homem-bomba’ na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Ator e diretor Luiz Arthur faz temporada de três semanas do solo Homem-Bomba na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Com texto de Cynthia Paulino, espetáculo é encenado em uma área de apenas 2m² e tem como livre inspiração o clássico da literatura “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson
Depois de uma brevíssima temporada no começo de 2019, o solo Homem-Bomba, escrito por Cynthia Paulino e dirigido e protagonizado por Luiz Arthur, volta em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre os dias 10 e 27 de julho.
A peça da belo-horizontina Companhia Teatro Adulto estreou em 2018 na Mostra Solos e Monólogos do CCBB São Paulo.
Homem-Bomba integra o projeto “Adultos em Cena SP MG” – ao lado do solo Coisas Boas Acontecem de Repente – e conta com o patrocínio da Usiminas e apoio do Instituto Usiminas por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
O solo se passa em um mundo desigual, cada vez mais parecido com um grande abatedouro. Nesse lugar horrível, um homem, interpretado por Luiz Arthur, tenta compreender os vários eus que o habitam e, para tal, adota métodos nada convencionais.
A ideia é mostrar um personagem provocador, que busca intimamente a desconstrução e a compreensão dos monstros que existem escondidos em todas as pessoas.
Para discutir essa dualidade do ser humano, a peça busca como referência o romance “O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Sr. Hyde”, popularizado como “O Médico e o Monstro”, do autor britânico Robert Louis Stevenson (1850-1894).
“O monstro não é alguém distante de nós. É nosso duplo. O monstro nos habita e cabe a cada um saber cuidar, compreender, educar a sua sombra.
Vemos no país pessoas que se denominam ‘homens de bem’ e que trazem um discurso completamente sanguinário. De que tipo de ‘bem’ estamos falando?
É uma jornada necessária essa, a de enfrentar-se, de compreender que o mal não nos é estranho. Podemos sucumbir se o transformamos em algo distante de nós, porque nós criamos a desordem e o caos que está aí.
Se você estuda a história da humanidade sabe disso. O demônio é o próprio homem, o devorador, aquele que dizima seus semelhantes.
O discurso contra o diferente é um exemplo disso”, revela Luiz Arthur.
Em cena, esse monstro se materializa em uma figura que se aproxima a um açougueiro.
“Esse personagem foi se firmando durante todo o processo de construção da dramaturgia. Mas não podia ser um açougueiro qualquer.
Precisava ter o lado do cientista, do médico. E que faz de si sua própria cobaia. Cynthia sugeriu o uso de luvas.
Fui para a sala de ensaios, sozinho, e, de repente, vi que precisaria de um cutelo. Queria um instrumento da maldade materializado ali. Uma ameaça velada. Quando a personagem pergunta: ‘e se fossem homens? E se?’
Certamente o cutelo à mostra faz o público encarar a verdade de que tanto foge. O cutelo acaba com a ‘assepsia de supermercado’ que nos protege da verdade: comemos animais que sofreram uma morte horrível, que tiveram uma vida horrível e engolimos toda essa dor”, acrescenta o ator e diretor.
Encenada em uma área de paletes brancos (daqueles usados em açougues) com apenas 2m², a peça investiga a restrição do espaço de atuação, característica marcante na trajetória da companhia, o que viabiliza apresentações tanto em palcos tradicionais como em espaços alternativos.
Além da obra de Stevenson, a montagem tem citações de vários escritores, poetas e pensadores, como Aldous Huxley, Shakespeare, Carl Jung, Franz Kafka, HP Lovecraft, Tadeusz Kantor, Augusto dos Anjos, Samuel Beckett, William Blake e Osho.
SOBRE LUIZ ARTHUR
Luiz Arthur é ator, diretor, produtor, professor de teatro e jornalista. É integrante e fundador da Companhia Teatro Adulto (MG).
Com “A Morte de DJ em Paris” (1999), venceu os prêmios de melhor ator no 12º Concurso de Monólogos Ana Maria Rego (Teresina) e no III Festival Nacional de Monólogos (Vitória).
Venceu os prêmios SESC/SATED-MG e USIMINAS/SINPARC 2003 de melhor ator por “Noites Brancas”, no qual atuou ao lado da atriz Débora Falabella sob a direção de Yara de Novaes, e SESC/SATED e AMPARC/BONSUCESSO 1996 por “O Beijo no Asfalto”, com direção de Wilson Oliveira.
Produziu e atuou em “Fala Comigo Como a Chuva”, eleito pela crítica nacional como o melhor espetáculo do Fringe no Festival de Curitiba 2009, dirigido por Cynthia Paulino. “Homem-Bomba” é seu segundo solo.
Atuou na novela “Fascinação” (1998), no SBT. Na TV Globo, participou de “Belíssima” (2005), “JK” (2006), “Caminho das Índias” (2009), “Passione” (2010) e “Rocky Story” (2017). É coordenador e professor de interpretação da Escola de Teatro PUC Minas.
SOBRE A CIA. TEATRO ADULTO
A Companhia Teatro Adulto cria e produz espetáculos desde 1996. Destacam-se: “A Morte de DJ em Paris” (1999), “A Falecida” (2004), “Fala Comigo Como a Chuva” (2008), “A Última Canção de Amor Deste Pequeno Universo” (2010), “Entre Nebulosas e Girassóis” (2013), “Coisas Boas Acontecem de Repente” (2016), “Horror Vacui Hamlet” (2016) e “Homem-Bomba” (2018).
SINOPSE
Em um mundo desigual, cada vez mais parecido com um grande abatedouro, um homem quer compreender os vários eus que o habitam e utiliza, para realizar o seu
intento, métodos nada convencionais. Texto de Cynthia Paulino, livremente inspirado no clássico “O médico e o monstro”, título original “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson.
FICHA TÉCNICA
Direção, trilha sonora e atuação: Luiz Arthur
Texto: Cynthia Paulino
Cenário: Cynthia Paulino e Luiz Arthur
Coordenação técnica e Iluminação: Marina Arthuzzi
Figurino: Cynthia Paulino
Adereços: Mauro Gelmini
Maquiagem: Linda Paulino
Assistente de produção e designer gráfico: Samara Martuchelli
Fotos: Guto Muniz
Realização: Companhia Teatro Adulto
SERVIÇO
Homem-Bomba, com direção e atuação
de Luiz Arthur
Oficina Cultural Oswald
de Andrade – Rua Três
Rios, 363 – Bom Retiro
Temporada: de 10 a 27 de julho
De quarta a sexta-feira, às 20h; e aos sábados, às 16h
Ingresso: grátis, distribuídos uma hora antes da sessão
Classificação:
12 anos
Duração: 50
minutos
Informações: (11) 3222-2662
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