Eleições de 2022 tem cenário nebuloso.

Um cenário nebuloso ronda as eleições de 2022

Parte II

Caso Proconsult-1982:

Apesar dos fatos desmentiram as denúncias contra o jornal e a TV, esses jamais deixaram de apontar a provável vitória de Brizola. No dia seguinte à eleição, 16 de novembro, O GLOBO trouxe a seguinte manchete: “Ibope aponta vitória de Brizola” (fac-simile na galeria de páginas). No dia 17, “Brizola lidera no Rio e Moreira na Baixada” (fac-simile da primeira página de 17 de novembro na galeria). O texto informava: “Com 551 urnas processadas no Centro de Computação do GLOBO, Moreira Franco lidera a apuração no Rio de Janeiro com 47.903 votos contra 40.864 para Miro Teixeira e 33.657 para Leonel Brizola.”

O problema é que o radar dos jornalões  destacavam, que a maior parte dos votos até ali contabilizados vinham do interior do estado e, e ainda na capital, “onde o trabalho das Juntas (de apuração) é lento, “Brizola vem liderando com boa vantagem (15.589 contra 10.996 para Moreira e 6.178 para Miro).” No dia 22, uma semana antes do anúncio do fim da apuração, a manchete do jornal o Globo  dizia: “Projeção das urnas apuradas dá vitória a Brizola por 144 mil votos” (fac-simile da capa de 22 de novembro na galeria de páginas). E no dia 24, no alto da página, o Globo anunciava: “Moreira Franco reconhece vitória eleitoral de Brizola”.

Eleições de 2022 tem cenário nebuloso

Eleições de 2022 tem cenário nebuloso
Foto Divulgação

Existiu de fato a estrutura de acompanhamento da apuração paralela. Uma delas é que, como citado pelo jornal, foi montado um centro de computação próprio, ou seja, decidiu-se fazer uma totalização independente, a partir dos números colhidos nas próprias Juntas Eleitorais, onde estagiários, (sem qualquer ligação com a Proconsult), ressalte-se cujas listagens nunca foram utilizadas pelo o Globo.

Informações da época confirmavam que para trabalhar nas 230 juntas eleitorais dos 64 municípios fluminenses existentes na época, o jornal contratou 700 universitários, que copiavam os resultados oficiais de cada uma, que ficavam expostos nas paredes dos locais de apuração. O processo do jornal era lento, porque os estagiários que colhiam os dados em cada seção eleitoral tinham que preencher uma planilha complexa e detalhada, com números dos pleitos majoritários (governadores, prefeitos e senadores) e proporcionais (deputados federais, deputados estaduais e vereadores), um volume grande de informações.

Brizola vencia na apuração paralela que confrontou os resultados do TRE

Cada planilha, de cada seção, com cerca de 1.000 números, era levada para o Centro de Processamento de Dados do jornal, no Rio. Lá, os números eram digitados novamente por 320 profissionais, que trabalhavam 24 horas por dia, em sistema de revezamento, para alimentar os computadores. Os boletins eram, então, transformados em fitas perfuradas e transferidos para o computador central. Enfim, um processo complexo que exigia atenção para dar os resultados com precisão.

Com tantos cargos a serem preenchidos naquela eleição, o trabalho foi penoso e lento, também devido à demora na apuração pela Justiça eleitoral. Principalmente na capital, forte base política de Brizola, enquanto no interior, onde Moreira Franco era e foi mais votado, a contagem de votos, menos dispersos que na capital, se deu em velocidade maior.

Moreira Franco liderar as apurações, como estava implícito no texto do próprio jornal na edição de 17 de novembro, era circunstancial. O clima ficou propício a acusações descabidas contra o jornal também porque a Rádio Jornal do Brasil, por ter optado por um método menos ambicioso — computou apenas os votos para os candidatos a governador —, pôde colocar no ar informações atualizadas sobre a corrida ao Palácio Guanabara. Assim, não demorou a captar que Brizola passara Moreira.

 

 

 

Fonte: Editoria/Por: Roberto Monteiro Pinho
Fotos: Divulgação / Redes Sociais
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